E-mail do Léo #4

Sobre ser julgado no banco de trás do Uber e ver obras artísticas pesadonas.

Oi gente,

Carnaval acabou.

O legado da folia por aqui é uma gripe braba, uma desilusão amorosa, dois ou três novos contatos, e uma aflição braba por o ano começar apenas em março.

Mas vamos lá. Começou.

Na mira dos motoristas de Uber

Peço que interrompa a leitura e vá checar sua nota no Uber. A nota que os motoristas te dão como passageiro.

A minha é 4,81, o que sempre considerei uma nota boa.

81 na escola era uma nota boa.

Mas no Uber, não.

Descobri isso discutindo com motoristas no Threads. Um deles foi bastante didático:

• Nota abaixo de 4,75 - horrível. A maioria dos motoristas cancela;

• Nota entre 4,76 e 4,89 - mediana. “Provavelmente [o passageiro] mete o louco”, ele falou;

• Nota entre 4,9 e 4,98 - boa. “Uma pessoa funcional da sociedade que respeita o trabalho do motorista”, ele pontuou e eu fingi que não entendi a alfinetada;

• Nota 4,99 ou 5 - maravilhosa. “Um anjo ou uma conta nova”, concluiu.

Primeiro de tudo, acho injusto eu com meu 4,81 estar no mesmo rolo que quem tirou 4,76.

Segundo, eu não meto o louco. Eu entro no carro, cumprimento, fico na minha, não reclamo da música alta, não fico me metendo no caminho, e me despeço desejando bom trabalho. Considero-me bastante… funcional.

Só não sou de papo.

Mas fui ouvir os motoristas. Quis saber o que faz eles tirarem pontos de alguém.

(Talvez aqui caiba dizer que eu quase nunca avalio os motoristas, só quando pedem, porque geralmente estou com pressa e acho isso uma chatice. Também não tenho o hábito de avaliar no iFood)

Lista do que te faz perder pontos no Uber

• Não estar no ponto de encontro ou demorar para embarcar (eu sempre estou, a não ser quando ocorre um desencontro, mas li também que eles não gostam de ter que entrar em condomínios ou shoppings e procurar o local exato em que o passageiro está);

• Pedir para ligar o ar condicionado no UberX (eles acham um abuso, não importa o calor);

• Bater a porta com força (geralmente bato fraco e ela não fecha, então preciso bater mais forte para fechar, não sou bom portas, mas peço desculpa quando acho que foi forte demais, embora eu nem tenha força para bater forte demais);

• Pedir para parar em algum lugar no meio do caminho (é raro, mas já pedi e o motorista foi muito solícito, jamais imaginei que me apunhalaria pelas costas depois);

• Comer ou beber no carro (é raro, mas já fiz, sem sujar, claro);

• Estar bêbado ou drogado (nunca estive, mas acredito que muitas pessoas peçam o Uber justamente porque beberam);

• Não colocar o cinto de segurança mesmo no banco de trás (não é preocupação, é que eles podem se ferrar se o carro for parado numa blitz. Confesso que nunca boto, talvez esse seja meu B.O.);

• Pedir o Uber na praia, porque molha o banco e suja de areia (raramente vou à praia, mas não seria mais fácil eles não aceitarem a corrida?).

Basicamente, é isso. Vou tentar aumentar minha pontuação.

Talvez oferecer uma água ou uma balinha pro motorista.

Depois conto se deu certo.

Se conselho fosse bom não se dava, se vendia, mas…

Eu dou: quando todos seus amigos acharem bom que você bloqueou o crush, é porque você provavelmente estava se rebaixando mesmo.

Mas, além dessa frase de sabedoria, quero indicar o filme “A Garota da Agulha”, que concorreu ao Oscar contra “Ainda Estou Aqui” e está na Apple TV+. e na MUBI É uma história bem pesada sobre uma mulher que vendeu seu bebê recém-nascido e começa a trabalhar com a mulher que serviu de intermediária para a negociação, até que descobre uma bomba sobre as transações criminosas. Dei 4,5 estrelas no Letterboxd. Gostei muito.

E, ainda nessa pegada, vou indicar também o espetáculo “Absolvição", peça de Owen O'Neill traduzida por Diego Teza e dirigida por Daniel Herz, em cartaz no Espaço Abu, em Copacabana, para quem for do Rio. Ela acompanha um justiceiro que mata padres pedófilos. Forte também. Trago dicas para quem tem estômago hoje.

(Foto: Instagram @absolvicao.peca)

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No mais, estreei um videocast com meu amigo Pahby no YouTube. Ele se chama “Quer Dizer” e terá episódios semanais, sempre às segundas-feiras às 21h. O primeiro episódio é sobre dependência emocional e estamos lá dando opiniões infundadas e sem nenhuma responsabilidade baseadas em vozes da cabeça. Apareça!

Eu tô produzindo muita coisa pra vocês, viu?

É bom prestigiar.

Boa semana!

Leonardo Torres